sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Episódio Intro: Insomniac

"Eu não sei como resumir a minha vida, seriamente. Ela sempre foi meio complicada, não era turbulenta. Eu não consigo ser a pessoa normal que todas as que eu conheço, muito menos a pessoa que todos querem que eu seja. Minha mãe? Alcoólatra. Tive a infância perdida por não conhecer o meu pai, minha família e de nunca ter tido aquele complexozinho de criança, de ter aquelas duzentas bonecas e usar maquiagem. Minha mãe vivia trancada naquele lixo que chama de quarto, entupida de vodka, cerveja, drogas injetáveis (sim, eu descobri isso sozinha aos 14 anos ¬¬', traumatizante), uma espécie de cigarro que eu nunca havia visto antes e loucura. Nunca me disse nada sobre meu pai, além de dizer 'Ah, Selena, seu pai era um hippie vagabundo que nos abandonou'. Eu não sabia também com que dinheiro ela pagava as contas, mas descobri que ela trabalhava como assistente de alguma coisa num mercado gigantesco. Eu gastava o dinheiro da merenda escolar, que, por sinal, era horrenda e com gosto de plástico, em roupas, livros e guardava pro caso de precisar posteriormente. Nunca me importei com a comida ridícula da escola e seus professores cabeludos e cheios de aromas cítricos. A única coisa boa de ir àquela prisão escola era ver Demi, minha vizinha e amiga de infância, e meu melhor amigo David. David é o tipo de cara engraçado, tímido e inteligente que extravasa quando está comigo. Ele usa óculos, tem o cabelo escuro e gosta de ler tanto quanto eu. Demi, pelo contrário, não tinha muita coisa a ver comigo. Era popular, tinha muitos amigos, dinheiro, uma mãe decente e um futuro promissor em advocacia. Eu queria cursar fotografia, porém juntava minhas moedas pra conseguir o que eu queria. Agora chegou a hora de falar da cascavel, certo? Todo mundo tem pelo menos uma raiva por alguém. Eu, por exemplo, tinha escárnio por Taylor Swift. A garota das madeixas loiras e invejadas por todas as garotas da escola, filha de um empresário multimilionário que fazia palestras e tinha cara de ser até simpático, ao contrário da víbora que ele alimenta em casa. Pra mim, a cabeleira daquela garota é como o cabelo de Medusa. Argh. Nunca suportei o fato dela ser tão má comigo. Eu sou inteligente, óbvio - le modéstia here u.u - mas nunca me dei ao esforço de responder suas provocações inúteis.
Mas, voltando ao meu assunto triste e depressivo, eu queria saber do meu pai. Queria saber se ele tinha olhos escuros e expressivos como os meus ( os olhos de minha mãe são azuis, porém sem vida ), sendo ele um vagabundo ou não. Se ele pelo menos tivesse me dito 'Oi, eu sou o (não sei nem o nome dele! Como posso não saber?) e não te quero como filha' faria diferença na minha vida. Mas o que eu queria saber... É se ele tem esse dom-doença que eu tenho..."
Selena

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